Sobre guerras
A morte de crianças sírias
A convivência com a guerra
A insanidade da destruição.
Chegamos a pensar que é irreal
Que não pode estar acontecendo.
Como podem ser tão cruéis?
Como pode tanta involução?
Será que as guerras irão sempre existir?
A ambição pode ser obscena assim?
Enquanto aqui no Brasil,
Militares revistam crianças na favela.
Onde está a infância?
Cada criança dessas tem que ter a força
Do seu super-herói preferido,
Sem ganhar recompensa.
De conviver com a morte
Como quem vai comprar pão,
Conseguir ter alegria cercadas de fuzis.
Como elas irão interpretar a palavra liberdade?
Como acreditar na liberdade?
O coração tem que ter muita força
Para amar no meio disso tudo.
As guerras são a desconstrução dos sentimentos
São a destruição das emoções,
Como se comover vendo a mesma cena de terror
Todos os dias?
Acostuma-se? Acho que não.
Talvez pensem que o mundo é um lugar cretino
Mas que ainda dá para amar.
Sempre dá para amar.
É por isso que continuamos a existir
Porque ainda dá para amar.
Mas quem são estes que atiram?
O que pensam, o que sentem?
Eles sentem?
Ainda há humanidade nessas pessoas?
Nos mandantes destas pessoas?
Elas também vivem o terror.
Como é o terror para elas?
Absurda ausência de compaixão.
Aos fazedores de dor,
Todo o nosso desapreço.
Ah, crianças! criem pelo menos
Uma realidade paralela dentro de vocês,
Um mundo irreal, imaginário,
Onde haja algum espaço para a felicidade
Onde se consiga sorrir,
Toda a força do mundo eu desejo
Para que no meio dessas atrocidades
Ainda haja esperança, ainda tenham algo em que acreditar.