UTI
frio, pende,
do centro do quadrado branco
o fio, pense,
da lâmpada que acende no tranco
e que, pouca,
pouco clareia o homem de luvas
e de touca
que sonha com damas e uvas
mas, longe,
do epicentro de tudo que ama
faz o monge,
que prefere o tablado à cama
frio, sempre,
o aço que acerta o ponto pulsante
o fio, lembre,
é outro, não aquele do outro instante
e, curto,
pouco faz pelo homem de quase branco
que, num surto,
outro vira, agora mouco, cego e manco,
ou coxo,
saído de um teatro de almas columbiformes,
de roxo
ou absoluto carmim em seus lúdicos uniformes
o fio, quente,
desabrocha em dálias de fogo
e do frio (ainda sentes?)
provém o discreto porém agonizante rogo
e a prece
em favor de tudo o que fere e acorrenta mas não se perde
mas, sobretudo, acontece
para que a vida de si mesma não extraia o sumo e o coração se alerde
e pare
no peito do homem de branco debaixo do quadrado branco
como um anti poronominare
como uma promessa guardada no banco