Myrna
Sentada na areia ela pensa...
Ela sente, senta na teia...
Da amarga censura que é viver...
Os olhos queimados pelo sol...
O sol, que queima por dentro...
As vertigens bailando por fora.
Olhos congelados no fim do mar...
Ela pensa no altar, a doutrina de amar...
A confiança que passou, para o mar...
Nas ondas que levam o seu perdão...
Para os serenos, e espumas de sal...
As lacunas que há em seu coração...
O desenho em seus olhos, na areia...
Ela retorna ao filme, que incendeia...
As desistências retorno ao pó...
A areia se apossou do seu corpo...
Ela é a praia deserta, as conchinhas secas...
As estrelas expulsas do mar, algas cinza acesas...
As rochas são as teimosias, sentimentos...
O mar as lágrimas, seus pressentimentos...
A ressaca do mar é seu amor...
Do seu profundo coração, tão interno...
Que não sente mais sua presença...
Ela sentada na areia...
Volta ao seu lugar, na beira do seu mar...
Sozinha, naquele mar vermelho...
Flutuando em um passado extremo...
Aonde tudo afundou...
Com o seu tempo, com o seu amor...
A historia de uma paixão, lembrada...
Como um triste sonho, iluminando a solidão...
Ao tempo...