O que eu fui dorme nos tempos

o que eu fui dorme nos tempos,

sem respostas,

espera no instante despojado e entristecido que me olha longamente

e tem a minha alma naufragada em sensações

na sucessão de sombras

e gestos

e medos

que os olhos escuros da noite traz

no silêncio incriado dos cansaços

no acalanto e na solidão de tantos braços

na vida sedenta

gritando renúncias

neste momento de ausência e de prenúncios

nestes dias insaciáveis e transitórios

lentamente intermináveis

de intocados silêncios quebradiços

e macerados pelo labirinto do tempo machucado

e pela melancolia devoluta e intocada

que ressuma as memórias dos meus dias

de repente