ACÍCLICO

No lugar que acabei de abandonar

Não havia sequer uma parede

Um encosto qualquer

Sequer um amparo

Realmente não queria parar

Do canto que me afasto

Não sonhei qualquer encanto

Nem mesmo quis um quanto

Desejava apenas realizar

Construí muralhas intransponíveis

Deste ambiente alijado

Ficou apenas arremedo

Pedaço de ressentimentos desnutridos

Medo de não ter sentido

Pulsava dentro e escutava ao longe

No quando que agora apóio

As qualidades afloram

Perenes, latentes: presentes

Sentir é naturalmente efervescente

Ebulir é característica comum

No chão que atualmente piso

Pés são desnecessários

As ferramentas mudam

Ao prazer daquilo que convém cumprir

Cumpramos o que for conveniente

Para nosso bem, nossa mente

Vislumbremos além do latente

Do óbvio, sensorial e pungente

Extrapolemos o egoísmo inato

Olhemos pra dentro visando em frente

Diante dos perigos, armadilhas e percalços

Seja forte, altruísta e decente

Escolha o caminho reto, correto e justo

Ao topar consigo mesmo; aguente

Instigue-se e enfrente-se

Desfaça-se da idéia que a dor será demais

Lembre que toda vez que o fundo chegou

O desespero só atrapalhou

E desceste ainda mais fundo

Ainda assim levantaste

Impávido, mordido

Doído, mas ávido

Sangrando, mas querendo

Chorando, crescendo

Rasgando a veste antiga e vencendo

Admita: sempre vencemos

Despertar para esta verdade absoluta

É realmente devastador

Por vezes alucinante

Cabe a nós controlar este ser dominante

Quem morre e fica

Naquele lugar sem paredes

É o eu que só sabia perder

Que fincava suas vontades no passado

Tolhendo o direito inalienável de crescer

O quem nascente corre com as pernas da vontade

Voando alto nas nuvens seguras da verdade

É o eu que sabe que vencer

Jamais foi um direito

É mera, pura e inefável obrigação

Profane seus santuários já devastados

Limpe suas cavidades mais escuras

Para que elas reluzam

Quando a luz casta e pura entrar

Expanda-se em luminosamente

Escolha ser o seu sempre melhor

Aceite que somos mais e maiores

Acredite que a cada era de sua existência

Será preciso desfazer de si

Desfazer-se é enriquecer

Vazio de coisas

Saiba ser o que precisa

Baixe suas muralhas

Guarde sua navalhas

Volte a aprender

Aprenda sempre o que ainda não sabe

Desanime-se das facilidades

Estagnação advém

Do medo perpetrado

Pela incapacidade de renascer

Somos nós quem escolhemos

A responsabilidade cabe

Aos que admitem ter poder

De mudar o mundo em volta

Conhecendo o íntimo que podem tocar

Apresente-se, cuide-se

Avalie-se e mude

Duvide sempre de você

Pois ser nunca é defeso

Aos que se dispõe a morrer

Há tempos guardo comigo esse poema

Ele marcou-me profundamente, pois

mudou minha vida. Por ser forte, expressivo

otimista e verdadeiro, publiquei aqui no Recanto.

No entanto, o autor eu desconheço, que é uma

pena. Mas os méritos são dele, do poeta maravilhoso

que nos passa essa mensagem. E eu honrada em

compartilhar com meus amigos recantistas.

Lindo dia a todos.