SEM ARREIO

SEM ARREIO

Sem dinheiro... E ainda solteiro
sou absolvido de todos os meios
é meu arrocho, deito-me inteiro
e vou marchando sem o arreio.

Assim, sou um jogo desprovido
pombo sem asas e sem correio
um ouvido em desatino do tino
tiro sem rumo, fundo escanteio.

Sem dinheiro, sou apenas passo
em salto, sem salto, sem marcha
vou absorvendo todo cansaço...
D'uma vida sem rima sem marca.

Sigo o mundo... Saco sem fundo
dele, vou levando os sopapos...
As vezes, mudo frio é até sisudo
perdido e tido, entre farrapos.

Antonio Montes
Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 03/03/2018
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