TROCO

Meu tio era do comércio.

A caridade é cautelar.

Livros?! Melhor esconder que emprestar.

Tem coisas, entretanto, que não vendo,

Entre tantas que não dou, que não empresto.

Tentei trocar, por gaiolas, versos;

Não salvei sequer um melro.

Poemas , insistirei, troco

Mas vou diversificar

Para encontrar meu mercado.

Aceito como escambo,

Além dos alçapões para aves,

Armas de fogo de pederneiras,

Armas de assalto semi- automáticas.

Armas brancas, de qualquer letalidade.

Armas de caça,

Tiro curto, tiro longo,

Garrucha de dois canos,

Rifle de repetição.

Confie,

Destruirei o mecanismo de repercussão;

O fuzil da espoleta,

Separarei o gume da aflição.

Ofereço,

Alça e massa

Cadência na rima.

Rajadas no coração,

Alma raiada de emoção!

Meu tio era do comércio:

- Guarde o troco!

Ou compro balas?!

Balas ou munição?!

Luís Aseokaynha
Enviado por Luís Aseokaynha em 03/03/2018
Reeditado em 03/03/2018
Código do texto: T6269467
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