O Sujeito
eu era um sujeito pedante
falava, falava, falava
adorava o som da própria voz
não parava nem por um instante.
eu era um sujeito pedante
falava, falava, falava
e nunca parava pra ouvir
o que dizia o meu semelhante.
eu era um sujeito pedante
falava, falava, falava
prosseguia sem pudor
em uma ladainha irritante.
eu era um sujeito pedante
falava, falava, falava
me julgava tão superior
a criatura mais importante.
mas o tempo passou
e me tornei um sujeito sisudo
a realidade me deu um soco no rosto
e percebi que não era o centro do mundo.
desci de uma vez do meu pedestal
pois logo vi que o meu jeito boçal
nunca havia feito sentido.
hoje, de mim só restou
um balbuciar rouco
e este olhar taciturno
a relembrar um sorriso
que se perdeu na estrada
aprendi que é melhor falar pouco
do que falar muito
e não dizer nada.