Sem ofensas, poeta

Por hoje,

vamos esquecer as metáforas.

Vamos falar de algo

sem contar sobre flores,

manhãs e montanhas.

Sem falar em penumbras,

oceanos e náufragos.

Por hoje,

e só por hoje,

poeta,

vamos falar sobre nós,

que andamos tão quietos

e corremos atrás de palavras.

Eu sei que você quer,

poeta,

alguém que leia

suas entrelinhas.

Pois então desista delas,

e vamos deixar disso

de fazer poesia.

No fundo sabemos

que as dúvidas serão as mesmas

e todo resto permanecerá.

Ainda assim escrevemos

a nossa maneira

prepotente, ingênua e fingida.

Para quê, poeta...

Para quê?

São só pilhas de frases,

nada disso dá respostas.

Versos vivem escondendo coisas.

Não servem para nada,

e metem perguntas em quem os lê.

Deixe disso de poesia,

minha cara poeta,

que isso não tem futuro,

não.

É coisa de boêmio boa vida,

de gente que sonha demais.

Poesia é coisa de gente triste.

Alessandra Martins
Enviado por Alessandra Martins em 27/08/2007
Reeditado em 28/08/2007
Código do texto: T626793
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