Grãos de castelos

Então é assim estamos aqui frente a frente

Não há imagens em espelho

De um lado suas asas

Do outro o que for por detrás dos cacos

Mas você sorri

Fale comigo

Enviei todos meus soldados

Meus inimigos riram

Os aliados baixaram suas cabeças

Sinal de respeito seria?

Acho que insatisfação melhor diria

Seus castelos...

Um a um preencheram o ar de poeira

Algo permaneceu em pé?

A pequena igreja sem rótulos ou ouro

Mas ainda vejo as crianças correndo...

Naquele pátio coberto de folhas caídas?

Sim onde podíamos correr e brincar

O mesmo pátio por onde os ferros o distanciavam do amanhecer?

O que fará agora?

Fale você segui o que dizia a sua canção

Não, seguiu o que cantava o seu coração

Pode seguir mundo afora ou não

Qual será sua opção?

O que esperava nunca haverá vencedores

Seja qual for a guerra ficam como espólios

Todas aquelas dores dissabores

Por entre os grãos de castelos que se foram

Mesmo que o cenário seja seu próprio corpo

Não é meu desejo meu amor por essa terra

Vai muito além das pedras que cortam meus pés

Entende enfim a razão de me ver sorrindo?

Não há mais soldados em seu quartel

Foram vencidos pelos os inimigos que viviam

Dentro de seu próprio território

E se foram já que não haveriam mais combates

Não existem mais capas ou espadas

O ouro derreteu-se e os pedaços de pau

Tornaram-se cinzas ficam as copas

Seu motivo sua razão

Reconstrua então sem grades calabouços ou portões

Seu castelo deve servir de guarida não de prisão

Segure seu fôlego tudo tem seu tempo e sua hora

O momento chegará onde poderá deixar-se ir junto a expiração

Que seu novo castelo cresça

Como ascende o sol pela manhã

Como eleva-se a criança que é amada

Como o sorriso que corre livre pelos pátios

Como quem sabe o que quer do amanhã

E que aquela pequena igreja

Sem rótulos e sem ouro

A mesma que trouxe você a mim

Continue simples e humilde

Permaneça viva e firme em seu coração

Fiquem com Deus meus queridos

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