CAVANDO CORAÇÕES
Sonhei que cavava minha própria sepultura dentro de mim.
Não usava pá, picarete, enxada, nada... era só a cova e as mãos,
Não tinha terra, nem sangue, nem carne, nem putrefação,
Tinha só o espaço vazio, por isso as minhas mãos eram os únicos
Instrumentos para tentar encontrar o fim daquele torrão.
Absorto nas sombras do abismo, módicos fantasmas me assombravam,
E as aparições se exaltavam enquanto eu cavava mais rápido
Tentando fugir do que na realidade eram minhas próprias lembranças.
“O terror de sonhar consigo mesmo é que quase sempre você é o mocinho
E o vilão tentando rasgar as fibras do inconsciente e o que resta de sanidade.”
Uma cigana me disse que quando se sonha com “coração” é amor verdadeiro,
O que ela não me disse foi se esse amor seria o derradeiro ou primeiro.
Já sonhei mil vezes com meu “coração”, mas o meu coração partido
De tantos amores partidos não acredita mais em ciganas e previsões.
Prefiro ler o horóscopo e não cair nunca mais nos oníricos sepulcros.
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