O Palco

Subo em um palco escuro, e dali protagonizo uma peça para uma multidão

Que da platéia, desalentados batem palmas sem vigor

Olho ao meu redor, e não vejo pessoas reais

Só enxergo um tanto de críticos hipócritas assentados

Enceno um espetáculo para o engano, para a mentira...

Sinto-me sozinho, aqueles olhos que fitam-me

Condenam todo o gesto, a fala e toda a minha vida

Atuo de uma forma que ninguém perceba a irrealidade

Mas a máscara cai em determinada cena

As palmas sem sons, agora se transmutam para vaias

Desaplaudido e com gritos que penetram-me a alma

No teatro da dor, derribo em langor visceral

Adentra pelo meu eu, dissolve o que já não possuía

Finalmente um ato da peça é de veras, molha todo o chão

Um pranto como uma chuva tempestuosa

Que encoberta de verdades

Rasga-me o script e liberta-me daquele horror

As cortinas fecham e o palco da ilusão cai em ruínas do esquecimento...

Felippe Lacerda
Enviado por Felippe Lacerda em 26/02/2018
Código do texto: T6264802
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