BAGAGENS
BAGAGENS
Nesta idade
Curei-me da ansiedade
Da corrida louca
Da vida pouca
E aos poucos
Vou livrando-me das bagagens
Quero viajar leve
Livre de pesos mortos
Que foram se acumulando
Ou melhor mulando
Fui mula carregando
Tanto peso inútil
Pensando em mil e uma utilidades
Que na verdade eram apenas esponjas
Para tentar fazer brilhar
Algo que era só sujeira
Agora já não há ilusório brilho
Estão acabando os trilhos
E no pouco que resta
Não há porta-malas
Há apenas
A insustentável leveza
Do ser
E por enquanto
Do estar