BAGAGENS

BAGAGENS

Nesta idade

Curei-me da ansiedade

Da corrida louca

Da vida pouca

E aos poucos

Vou livrando-me das bagagens

Quero viajar leve

Livre de pesos mortos

Que foram se acumulando

Ou melhor mulando

Fui mula carregando

Tanto peso inútil

Pensando em mil e uma utilidades

Que na verdade eram apenas esponjas

Para tentar fazer brilhar

Algo que era só sujeira

Agora já não há ilusório brilho

Estão acabando os trilhos

E no pouco que resta

Não há porta-malas

Há apenas

A insustentável leveza

Do ser

E por enquanto

Do estar

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 25/02/2018
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