Os Campos
Quem dera esses campos fossem outros
Não um outro esboço,
Mas como em outros tempos
Simplesmente fossem toscos.
Quem dera aquela outra paisagem
Outra cara, outros ares,
E não austera da vontade
Deste campo abrasador.
Os achados tão perdidos
E os contentes escondidos
Em meio a infelicidades,
Em meio a tanta dor.
E a vontade...
Quem dera agora aqui...
De pisar na grama verde
De matar a grande sede
Da terra fértil e esmorecer
Da tal vontade de sofrer e ver sofrer.
Onde se está deixam pegadas
Da desgraça estacada
Neste solo ruim de ver.
Vem vermelhas, vem cortadas,
As flores mais estimadas
Em todas as partes tão manchadas
Deste sangue que se vê.
Quem dera a primavera
Encarcasse nestes troncos,
Nestes torsos de desgostos
Flores novas por aqui.
Quem dera aquela sorte
Aos que fazem da guerra forte
Fosse consumada mesmo aqui
E esses campos de outros tempos
Hoje cheio desses “fortes”,
Não fossem os campos da morte.
E germinasse aqui desgosto
A estes vermes da discórdia
Ao ver os idos tão dispostos
Renascidos diante de seus rostos.
Esses campos de minha memória
Que hoje não a mim assola,
Cultiva outra geração:
Árvores da vida,
Frutos da morte,
Sementes do arrependimento...
Um remorso no coração.
Quem dera desse a sorte
De olhar os campos dos montes
E ver os frutos da imaginação,
E não, a real destruição...