POEMA - NAU
A nau que tripulo há séculos,
por esses oceanos incultos,
por essas paragens ocultas,
não é a do porto vulgar,
que, desgarrada,
procura as coisas comuns.
Não!
Àquela busca na mutação do tempo
e não deixa de indicar
um abrigo modificado,
um abrigo que abrigue,
naus e nautas da tempestade.
Desesperançada de um dia
alcançar o seu cais,
continua só,
na amplidão imaginada
do seu sonho sem fim.
ZILMAR PIRES