Páginas amareladas
Achei que amanhã fosse o melhor dia para preencher as páginas em branco, revirei tudo, desta vez, nem um rascunho ou rabisco havia, mas eu precisava reordenar sentimentos antigos, mas, as páginas já haviam sido tingidas suavemente pelo tom que o tempo costuma lhes dar.
Faço isso, de tempo em tempo, organizo a minha alma, passo a limpo tudo o que a fez chorar, transcrevo em páginas amareladas, o que de agora em diante preciso valorizar. Não me apego a coisas materiais, a luxos, mas em relação a sentimentos, o amarelo que o tempo deixa, vale ouro, e não existe bem mais precioso do que o amor próprio, para lhe renovar.
Costumo dizer que não sou as sobras do ontem, porque quando o sol se vai, leva com ele toda sombra, eu sou o agora, e quando me ponho diante de mim mesma, apago ressentimentos, ponho sobre a escrivaninha o desespero ao alcance dos ventos que sai arrastando tudo, não vou esperar pelo amanhã e nem quero saber onde o que me fez mal, foi parar.