Não

toque toque a poesia não vem

vem com calma entanto ruge

chama-se avidez no cimo homérico

um silvo exige-nos a lida galharda

a que denominamos encantamento e

revolve orlas sombreadas - já à frente

exposta relutância do raso

belicoso corisco anseio quiçá vertendo chama

o sol maior de Mozart não circundo

à destra do desvalido corte que não me vem

sangrar o impulso pulcro ativo e há

chusma de ventos onde tentas organizar

intentas sublevar-se em turba áspera

para atar-se em palavras fúlgidas

alentadas na gravidez da linfa que soa

mais - entanto vai-se tétrica fugitiva

desejá-la e traçar sob a

cumplicidade de duas carnes

uma visceral e outra airosa rara

resignado na peleja tomba a pena

insistência na justa a desoras quando

o dormente cambaleia à medida da perda

porque caminhas sôfrego pressuroso homem

reter tentas - já não podes

receias silente frente a frente tropeço

amiúde vencido sem a aragem trovejante

que careces de lâmina célere rubra e

argêntea na felina música cinérea

toque toque a poesia não vem

ressentimento da escrita vã ao poeta

soçobrado na recusa da ação

inspira o ser e fenece a noite

desista -

o verso esfumaça

André SS
Enviado por André SS em 20/02/2018
Código do texto: T6259748
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