Desperdício
Não consigo estar em mim,
Nem em lugar nenhum.
Sou alma a vagar errante no limbo.
O traje que desenhei
Para alinhar-se ao meu ser
Desfruta agora do ser nada.
Sumo de mim
E de mim sinto saudade.
Quando torno a me procurar
Não sei quem sou.
Desconheço os ventos que crio
E uso-os como corda que aperta meu pescoço.
Sinto tanto que não sei sentir.
Me perco no medo de viver
Almejando encontrar um lugar quieto
Onde minha mente já não é.
Ando a sucumbir e a desmanchar-se em mim.
Sou cobra que come o próprio rabo
Porque tudo dói
Porque não tem fim.