Eu sou
Eu sou a catuaba fermentada
Sou a fumaça que acalma
Sou o prazer de uma noite
Sou aquela dose de cachaça
Que amarga, que queima mas hidrata
Eu sou a luz queimada da varanda
Eu sou o plágio descarado
Sou aquela que acha que canta
Sou o músico mal ensaiado
Sou a brasileira que não samba
Também sou o relógio quebrado
Eu sou o anjo malvado
Sou o príncipe desencantado
Sou a princesa esquecida
Que por todos seus súditos foi comida
Eu sou a voz arranhada
Sou a garotinha acanhada
Também sou a puta da esquina
Sou a buceta que foi violada
Sou a sobrinha querida
Sou a prima amada
Sou aquela que fugia
Também sou aquela foi apanhada
Sou a bunda pelas quais as mãos passam
Sou a que foi pega no laço
Sou o rosto que eles não se lembram
Sou aquela de quem ele tirou o cabaço.
Regiane Martins Nonato
17/02/2018