OLHARES
Olhares,
Falares mudos que dizem tudo...
Podem ser ponto inicial ou final.
Interrogações ou explicações,
Sinceros e afetuosos,
Passionais ou amorosos...
Olhares, às vezes, dizem mais
Que um discurso banal.
Palavras nem sempre são leais.
Olhares despem, provocam...
São quase um toque sensual.
Neles estão contidos gritos,
Sussurros, pedidos aflitos
E doçura maternal.
Olhos, janelas que se abrem em pares
Devassando a alma,
Exibindo recônditos lugares,
Mostrando revoltos mares
Ou lagos plácidos e serenos,
Sejam eles grandes ou pequenos,
Negros, azuis, verdes ou castanhos,
De todas as formas e tamanhos,
Exprimem ódio ou amor,
Gratidão ou rancor.
Demonstram carência e solidão,
Concupiscência e paixão...
Desnudam o coração.
Olhares ingênuos ou bandidos,
Indiferentes ou pervertidos
Entregam a emoção.
Xingam sem nada dizer,
Repreendem e podem até conceder
O dom do perdão.
Olhares vazios ou plenos,
Tempestuosos ou amenos
São, nada mais, nada menos,
Que espelhos de nós mesmos.