Palavras vis
Se não houver uma palavra que afague,
Não dê uma que desabe,
Pois mais vale uma palavra amiga,
Que uma em maledicência convertida.
Mas como saberei qual palavra devotar?
Seria aquela a impressionar
Ou a que lhe poria a pensar?
Palavras que indagam
Por meio de qualquer expressão
O que tens na mente
Relutante ao coração
Ou palavras que de emoção premente
Racionalizem de antemão?
Palavras por palavras
São simplesmente palavras,
Mas quando de intento repletas
São armas carregadas
E atingem brutalmente
Aos corações e almas desgarradas.
Cuidado, então com elas
Com as doces palavras
Que transbordam sem ressalvas
Em meio aos discursos vis,
Pois de ocre são tingidas
E por meio de sua lida
Se revelam por gentis
Mas em meio a gentileza
E a toda sutileza
Que possam transpassar,
Revelam por vezes verdades,
As mais duras crueldades
Que só a humanidade
Em sua essência sabe dar.