MATA-TE POR ELA

       [A INVEJA]



Teus dentes rangem.
Tua alma não serena.
Achas que a prosperidade do outro
Atropela e impede a tua.
Pensas que todos competem contigo
E logram o que não logras.
Imaginas que o bem alheio
É obstáculo ao teu próprio bem.
Não te interessa ter o que não tens...
Antes desejas que o outro não possua.

O que te incomoda é a Felicidade
Que não cruzou as portas do teu reino.

Por ela mentes, difamas, destróis,
Envenena-te, envenenas.
Teus olhos olham e cobiçam
O que tuas mãos não souberam buscar...
O que tua falta de empenho
Não conseguiu alcançar...

Queres superar teus iguais.
És superior apenas na tua mesquinhez...
Da falsa noção de tua excelência
Agiganta-se teu orgulho...
Da Soberba procede a Inveja,
Que tanto zelas em ti.
E desta germina a Ira.

O que invejas não é a coisa.
O que invejas não é o bem.
O que invejas é a superioridade
Que, julgas, não te coube ter.

Tu sabes e não te enganas.
Mesmo assim,
Mata-te por ela!


 

KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 27/08/2007
Reeditado em 14/06/2015
Código do texto: T625510
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