NOUVELLES

NOUVELLES

No caderninho anoto poemas

Bons tempos que anotava fiados

Mas nestes novos tempos

São outros os temas e valores

Já não cabem em caderninhos

As dívidas crescem

Pelas necessidades criadas

É cel que é inferno

É rede que não traz peixe

É fast sem food

É book que virou e

É macho que vira fêmea

É fêmea que se faz macho

É tomada com três polos

Em que nada se encaixa

É tudo ou nada

Mas nada talvez seja tudo

Para curtir comentar compartilhar

Com amigos desconhecidos

E doravante começa a ser

Supimpa

Ser cego surdo e mudo

Para não ouvir tantas diatribes

Falar tantas outras

Enxergar horrores diuturnos

Soturnos

Parece legal

Viver virtual

Sem caderninhos

Sem ninhos

Sem vizinho

Sem torvelinho

Em desalinho

Bêbedo de vinho

Fazendo poemas desconexos

A propósito

Sem sexo

Perdido na barafunda

Na notícia que abunda

Enchendo a cabeça e a

De novidades que não param

Sem espaço para o pensamento

Para o sair da superficialidade

Que invade

O todo dia

E a essência agoniza

Tudo acaba em pizza

Para todos os gostos e sabores

Não mais mussarela ou margherita

Agora pode cozida ou frita

Em cone ou quadrada

E nesta merda de tanta besteira

Em capítulos nouvelles

De fim de novelas

Afundo-me em depré

Ulalá

S’il vous plait

Esqueçam-me

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 15/02/2018
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