NOUVELLES
NOUVELLES
No caderninho anoto poemas
Bons tempos que anotava fiados
Mas nestes novos tempos
São outros os temas e valores
Já não cabem em caderninhos
As dívidas crescem
Pelas necessidades criadas
É cel que é inferno
É rede que não traz peixe
É fast sem food
É book que virou e
É macho que vira fêmea
É fêmea que se faz macho
É tomada com três polos
Em que nada se encaixa
É tudo ou nada
Mas nada talvez seja tudo
Para curtir comentar compartilhar
Com amigos desconhecidos
E doravante começa a ser
Supimpa
Ser cego surdo e mudo
Para não ouvir tantas diatribes
Falar tantas outras
Enxergar horrores diuturnos
Soturnos
Parece legal
Viver virtual
Sem caderninhos
Sem ninhos
Sem vizinho
Sem torvelinho
Em desalinho
Bêbedo de vinho
Fazendo poemas desconexos
A propósito
Sem sexo
Perdido na barafunda
Na notícia que abunda
Enchendo a cabeça e a
De novidades que não param
Sem espaço para o pensamento
Para o sair da superficialidade
Que invade
O todo dia
E a essência agoniza
Tudo acaba em pizza
Para todos os gostos e sabores
Não mais mussarela ou margherita
Agora pode cozida ou frita
Em cone ou quadrada
E nesta merda de tanta besteira
Em capítulos nouvelles
De fim de novelas
Afundo-me em depré
Ulalá
S’il vous plait
Esqueçam-me