QUARTA-FEIRA DE CINZAS...
O que me consome...
Eu não sei o que é,
Talvez seja o medo da solidão,
Ou de dar-me conta da solidão que eu vivo,
Toda vez que o fim do carnaval chega...
Quarta-Feira de cinzas...
Eu não sei, sei não,
E isso me incomoda bastante,
São tantas coisa do que me arrepender,
Feitas, não feitas, desfeitas...
O que me consome mesmo...
E a minha inadequação ao mundo,
Imundo, imerso, moribundo,
De uma Quarta-Feira de cinzas, cinza,
Mais uma, de tantas em que eu morri, depois vivi...
Ali,
Prisioneiro de mim mesmo,
No quarto com Gregor Samsa,
Cada um em sua cela dentro de si mesmo,
Ali, numa Quarta-Feira de cinzas, cinza...