AQUI NESTA CIDADE
(Ps/419)
Sei que sou um,
mais um, desfeito em dor que anda
em pedregulhos lisos, escorregadios.
Os bons ventos, certamente,
zuniram fogosos nas areias das praias
refrescando o mar, colhendo amores.
Palmilho as enseadas
e cruzo o olhar com o Redentor
que me espera de braços abertos.
Aqui nesta cidade não há deserto,
há aves brancas transcendendo o dia
roteiro belo da majestosa natureza.
Finjo viver esta cidade
mas, quem poderá viver assim
se o sino não dobra e o céu é chumbo?
Lágrimas regam o mar e o soluço
tranca gargantas, na escuridão do dia.
Quem se habilita e grita?
A máquina do ferro cospe
sangue, sem deserto, na multidão
subtraindo um, dois, três e até quanto?
Aqui nesta cidade, aquarela de Deus,
a angústia tolhe o encanto da vida,
enquanto a palidez da hora se faz deserta.
Que diriam quem a conheceu tão bela,
pura, branca e azul com um relevo
estonteante, delineando o céu?
O sorriso amargo, vencido
face ao olhar morto da alma, ainda
clama ao largo à esperança e feixe de luz.
Abutres rondam e com orgulho e sem pudor
do fruto podre provarão e o jogo do tempo,
num refluxo feroz, vomitarão.
(Ps/419)
Sei que sou um,
mais um, desfeito em dor que anda
em pedregulhos lisos, escorregadios.
Os bons ventos, certamente,
zuniram fogosos nas areias das praias
refrescando o mar, colhendo amores.
Palmilho as enseadas
e cruzo o olhar com o Redentor
que me espera de braços abertos.
Aqui nesta cidade não há deserto,
há aves brancas transcendendo o dia
roteiro belo da majestosa natureza.
Finjo viver esta cidade
mas, quem poderá viver assim
se o sino não dobra e o céu é chumbo?
Lágrimas regam o mar e o soluço
tranca gargantas, na escuridão do dia.
Quem se habilita e grita?
A máquina do ferro cospe
sangue, sem deserto, na multidão
subtraindo um, dois, três e até quanto?
Aqui nesta cidade, aquarela de Deus,
a angústia tolhe o encanto da vida,
enquanto a palidez da hora se faz deserta.
Que diriam quem a conheceu tão bela,
pura, branca e azul com um relevo
estonteante, delineando o céu?
O sorriso amargo, vencido
face ao olhar morto da alma, ainda
clama ao largo à esperança e feixe de luz.
Abutres rondam e com orgulho e sem pudor
do fruto podre provarão e o jogo do tempo,
num refluxo feroz, vomitarão.