Feira Livre Versos Livres

Olhe o coração! Olhe o verso!

Vai levar, freguesa?

Leve versos para seu amado!

Todo mundo gosta de amor!

Ah, poeta! Meu amado não está aqui...

Foi embora e tarda voltar...

Mande para ele então esse aqui, que versa a saudade

Quem sabe ele volta mais rápido para teus braços

Ao saber como se sente?

Oh, sim! Obrigada!

Olhe o coração! Olhe o verso!

Quem vai querer? É de graça!

Não, não, obrigado!

Preciso de um livro acadêmico.

O poeta é formado na vida, meu amigo.

Cantará aos seus ouvidos a especialidade que quiser

E compreenderá em sua beleza toda a ciência

Sim. Dê-me então.

Obrigado.

Por nada.

Aproveitem! Olhe o verso!

Olhe o coração!

Sou religiosa. Não posso.

Como não? Poetas são como anjos.

Canta com Deus canta a Deus

Exalta sua Criação.

Mesmo? Então vou levar.

Olhe o coração! Olhe o verso!

É de graça! E tem graça!

De graça? Não deve prestar.

Quero não!

Menina, não há preço que pague

A satisfação de ter você como leitora

Se fosse apreçar essa gratidão

Ninguém poderia comprar não

É? Deixe-me ver então.

Que tal esses? Falam de quanto custa o não acreditar.

São fortes. Gostará.

Sendo assim, vou levar. Obrigada.

Por nada.

Olhe o verso! Olhe o coração!

Quem vai querer?

Que verso que nada, poeta! Quero a vida real!

Não vale viver de sonhos!

Meu caro, então dê só uma olhada

Verás que há em sonhos verdades

Tome. É seu.

Olhe o coração! Olhe o verso!

Que lindos versos!

De quem são esses?

A senhora já os leram?

Sim.

Então, agora são também seus.

Olhe o verso! Olhe o coração!

Não, obrigada. Não posso ler. Meus óculos quebraram...

E não há ninguém que possa lê-los para você?

Poesia declamada é absorvida mais facilmente

Chega a vibrar o chão.

Vou levar, então!

Não tem preço! Não tem preço!

Olhe o verso! Olhe o coração!

Por favor, quero um coração.

O meu anda em pedaços.

Sim, claro! Que tal esse?

Canta o amor intenso sincero profundo.

Esse sentimento tem poder de unir pedaços

É capaz até de formando um só dois corações

Grato.

Por nada.

Ué! Não tem mais?

Acabaram-se os poemas?

Ficarei sem? Irei para casa de mãos vazias?

De jeito nenhum, minha querida.

Agora vou para você declamar

A beleza de seu caminhar

E ao voltar verá que há poesia em todo lugar