O Beijo das Palavras

Palavras pregadas na boca

São fios na meada na roca

São alimento saído da roça

Se quebradas como a louça

Nunca colam, estão rotas

Palavras invadem o ambiente

Quero-as frias ou ardentes

As mornas são quase mortas

São punhais atrás da porta

Ferem a alma de toda gente

Palavras são o soar de trovões

Músicas em sons e sabores

Cura para múltiplos males e dores

Viva os versos aos borbotões!

Mesmo as palavras inverossímeis

Se intensas, eu as quero e desejo

Fazem-me lembrar o mudo beijo

Que ao primeiro verso deu ensejo.