TODOS OS NOSSOS ONTEM

TODOS OS NOSSOS ONTEM

Perco o sono e só vejo o universo,

Iemanjá, Aparecida, Buda e Jesus.

Somos o Brasil dos índios pelados,

Que tomavam banho o dia inteiro,

Não se olhavam no espelho e riam...

Cadê a pintura na face de urucum,

Que o português fétido não tinha,

Vestiam de trapos fétidos nas naus,

Queira os seios das lindas indígenas,

Gonorreia e sujeira na tribo limpa...

Portugal ficou a um palmo do Éden

E os índios ficaram a sete palmos...

Os africanos vieram todos sangrando,

No porão o fedor e estava um dia belo

Lágrima, fezes, urina e até orações,

Vieram para a pátria amada com ferro,

Ferros nos pescoços e ferros nos pés

A chibata era a canção de amor da nação

O indígena encontra outro humano,

A cor começa a se mistura na nação,

As mãos jamais serão desatadas afinal,

Une os orixás com os caboclos dos pajés

Santas católicas com cara de negros,

Santos católicos com ar de belos índios,

Tudo aqui no meu país fica misturado...

No Bonfim não existe mais nenhuma medida

A língua se reinventa e renasce a cada dia...

Um dia veio os brancos holandeses.

Assim como os franceses tão imundos,

Na Terra de Cabral veio tudo que é europeu...

Ciganos e também piratas que vieram saquear...

Judeus vieram fugidos da inquisição,

Trocavam de religião e de sobrenome,

E na terra de Portugal eram católicos...

Fugido das guerras na Europa, italianos,

Vieram para cá na esperança de viver,

Querendo abrir o horizonte e ter vida,

Ter o sol rasgando a manhã e ter sua fé,

Também vieram árabes e libaneses,

Trouxeram fonemas e outros costumes,

Coisas miúdas que temperou o Brasil,

Parece que a mistura não tinha razão,

Mas criou um país encantado e tão belo...

Não posso esquecer os filhos orientais,

Olhos puxados e costumes de samurai,

Culinária que palavras estranhas e exóticas,

Sabor peculiar a misturar tudo aqui...

Sou a somatória de todos os ontem daqui,

Ontem de perseguição e também dor,

Mas ontem de esperança e de amor,

Sonhos que realizarão e sonhos perdidos,

Saudades também faz parte do ontem,

Mas a saudades com tempo foi tempero...

Hoje tenho a cabeça cheia de problemas,

Mas quem não as teve ou não as terá?

Sou brasileiro e tenho a minha cor, minha,

Mas poderia ser amarelo ou vermelho,

Assim como poderia ser negro africano,

Mas sempre serei filho do meu Brasil...

André Zanarella 12-01-2018

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 12/02/2018
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