O ÚLTIMO SUSPIRO
Parece fantasma na noite abafada do Sertão
O frio é amigo duma noite serena
O calor é fantasma para todo o lado
Não deixa a minha coberta me proteger
Na noite quente algo me sufoca
É o meu amigo protector lençol
O suspiro é o meu inimigo
É o sopro na escuridão
Dentro da escuridão o inferno existe
Já não é domínio humano
São espíritos, são malignos
Os que enxergo no mundo trevado
Não se vê gente de verdade
Quando alguém lhs toca, ouvem-se gritos de ambas partes
Todos temem na escuridão
Mas alguém tem que olhar, se estamos no mundo real
Já não se acredita que dormimos sós
O galo canta na meia-noite em ponto
Num só coral todos respondem
Mas ninguém falava nada
Estava num sonho de ser galo em todos
Acompanhado de mais alguns fantasmas da meia-noite em ponto
O sono andava a voltas da casa
Em passos sem tréguas
Só parava com o coral das três
Mais incrível … aquele fantasma não andava durante o dia
Não se sabe, até aos dias de hoje,
Mas acredito ser o fantasmar do relógio
Nos primeiros raios de luz
O sono batia adormecendo espíritos vagos na noite
Escuridão não é nossa amiga de sono
Atrai coisa ruim
Tudo que é treva anda na escuridão
De mão dada ao tesão
Dizia aquele padre que fez tanta criança
Acreditar em má companhia