CAIXA DE VIRGINDAGEM

Igual uma rede de pescar lambari
Só que é uma rede em miniatura,
Guarda que me diz não entre aqui
Não é hora do baile de formatura.



"BAÚ DA FELICIDADE"

Valdemiro Mendonça

                                          Reedição 03

 
     Dizem que a idéia do baú da felicidade surgiu num passado que remonta à época dos coronéis do café e que neste tempo por imposição de algumas religiões, moças tinham que se casarem virgens enquanto os rapazes... Ah os rapazes: "estes ao completarem a idade de treze anos tinham que enfrentar a pressa do pai para perder logo as condições de donzelo. Para isto os mais abastados mantinham uma escrava só para o específico ato de descabaçamento dos varões nascidos na família".

     Se um rapaz com quinze anos ainda não tivesse a fama de grande garanhão, ficava mal falado e começava a ser apontado pelos vizinhos male dissentes com ditos jocosos: - lá vai ele, o maricon, tu viste ontem ele estava a brincar de rodas com as meninas enquanto outros moços divertiam-se a valer com a Mariquinha Trovoada? – Sim, pois vi. Deu-me cá uma vontade de chamar as falas o pai: "o coronel Joaquim Macambúzios". Só não o fiz: por estar correndo um boca a boca, desde quando o coronel ficou viúvo. Dizem que ele anda muito estranho sempre acompanhado daquele escravo o reprodutor de sua fazenda. – Sim, pois: até as mulheres estão a cochichar sobre o fato de ele ainda tão jovem, não ter se casado de novo. – Pode acreditar, aí tem coisa.

     Assim era a vida dos rapazes, uma cobrança dos pais medrosos e tentando a todo o custo evitar que seus filhos fossem taxados de flozor. Enquanto isto as moçoilas... Ao completarem dez anos, o pai pegava sua virgindade e trancava num baú pequeno, no ano seguinte colocava aquele bauzinho em um baú maior, junto trancando as chaves, e nos anos que se seguiam ia repetindo a operação, até, até... Bem até o dia do casamento da feliz donzela, tendo o noivo certeza da sua virgindade.

     Neste dia então o pai num ato solene, diante de inúmeras pessoas todas á servirem de testemunhas. Não faltando os vizinhos, o padre o delegado, a mãe do noivo, as tias, que assistiam a abertura dos baús um a um até o ultimo. Este: era entregue ao já marido da feliz donzela casadoira, com a chave, ele fazia as honras da abertura. Guardando o bauzinho como preciosa recordação, que durante sua vida exibiria aos amigos e filhos, a toalha branca manchada com o sangue da virgem. Uma prova da sua macheza, e de que sua amada, só pertencera a ele.

     Sabem aquele arco onde as moçoilas colocavam um pano esticado e ficavam bordando e de vez em quando espetavam o dedo? Furavam o dedo, saia sangue, saía sangue e tinham ideias, até ideias de na noite de núpcias, espetarem uma agulha no colchão... Mas, isto é outra história, é aquela famosa história que Cherazar contava em capítulos todas as noites, aquela dos “mil e um chifrudinhos”, pois é: esta é outra história.

     Assim foi que ficou conhecido o tal baú e tendo daí nascido á ideia do famoso “BAÚ DA FELICIDADE” aproveitado pelo famoso dono de uma praça e repassado depois para um outro que ri a toa.

     Mentira, então como é que foi? Uê... Saiu do pinto foi para o prato eu conto uma, você conta quatro. Trovador.
 

Pedi à poetisa Lena Lustosa para deixar-me usar este poema como interação neste texto e ela gentilmente o me cedeu. Obrigado Lena valeu.



ViIRGINDADE

Guardou-se como se fosse um tesouro,

Acreditou que o que tinha valia ouro,

E foi se num instante qualquer,

Sem luzes multicoloridas em sua mente,

Apenas uma dor levemente.

Um dia como outro qualquer

Fizeram dela uma mulher,

Olhou-se no espelho e se viu igual,

Nada novo ou sobrenatural.

Ah! Quantas guerras...

Que tantas mulheres já matou,

Por um pedaço de hímen sem nenhum valor.

É um rito de passagem e nada mais!

Criado na mulher para sua proteção,

A cultura machista o transformou em prisão,

O corpo pertencia ao pai, que desonra rejeita,

Virgindade tinha até preço, a ser pago em cartório,

Com casamento arranjado para ele ser tirado!



Em sábado, 10 de fevereiro de 2018 11:45:52 BRST, Poetisa Capim Dourado escreveu:


Poetisa Capim Dourado
poetisacapimdourado@gmail.com






Huuuu, o Recanto vai recuperar a embaixatriz dos versos. Fleiz com sua volta Hull, faz muita falta por aqui. Obrigado pela interação, e pelas palavras gentis. Bjs linda paz e luz.


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11/02/2018 17:29 - 
Hull de La Fuente

Um bastidor pra bordados
Lindas moças e agulhas
Uns "causos" bem inventados
de um poeta das Pampulhas.

Esse poeta me traz
risos do maior humor
Um talento, esse rapaz
Eu conheço seu valor.

Parabéns, meu caro amigo poeta, É bom chegar aqui e encontras textos humorados, que desopilam o fígado. Um grande abraço, fica com Deus.

Para o texto: 
CAIXA DE VIRGINDAGEM (T6250560)

 
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 10/02/2018
Reeditado em 11/02/2018
Código do texto: T6250560
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