EM SEGREDO
Pela janela entra um filete de sol.
Quase fim de tarde, agosto.
Alcança a cômoda do quarto.
No silêncio do momento
Apenas meus suspitos.
Em segredo beijo-te os lábios,
Desfruto tocar-te com desvelo,
Afago teus cabelos, desenho teu queixo,
Leio em teus olhos as vontades,
Concentro-me na tua respiração,
Ouço teus murmúrios amorosos...
Em delírio sinto tuas mãos largas
Espalmarem-se por dunas e vales
Extrairem perfumes deste corpo,
Ais e arpejos...
Tiro do porta-retrato as nódoas
E tenho-te presente, inteiro.
Novamente.
Em transporte.
Em silêncio.
Em (se)(de)gredo.