KAISER NINGUÉM XII
Eu sou a voz silenciosa, sou sombra da certeza
Sua algoz periculosa, aliada da surpresa
Eu sou a estrada perigosa rumo à ilha da leveza
Sou a espada sempre honrosa que protege a natureza
Sou a máquina de guerra que derruba as suas defesas
Eu sou a lágrima da Terra que abala fortalezas
Eu sou efeito do contágio no mecanismo global destilativo
O coração de cristal frágil e o extrativismo intempestivo
Eu sou a luta pelos tronos numa corrida de ratos
A labuta cujo ônus cobrarão todos extratos
Eu sou o câncer e a doença do ostracismo mundial
Sou o estado de falência do organismo infuncional
Eu sou os pesadelos causadores da insônia
Sou os apelos das trombetas nos portões da Babilônia
Eu sou o início, o meio e o fim, de uma axiologia
Sou a queda do último muro que sustenta a entropia
Eu sou a ideia imponderável de um progresso cooperativo
Mandei Darwin ao inferno ver seu meio seletivo
Lá ele foi selecionado pelo próprio coisa ruim
Sendo ele escravizado já não pensa mais assim
Eu sou os doze discípulos do filho único traído
As entrelinhas dos versículos por Paulo comprometidos
Eu sou a hora silenciosa dessas vozes do além
O cordão da teia em prosa, eu sou o Kaiser Ninguém
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