O riso da Vaidade
Dedico estes delírios ao profundo desconhecido
Avistei cabelos cor de mel trafegando em minha direção,
Logo me encantei por aqueles longos fios caramelizados,
Minha curiosidade aguçou-se para desvendar a que rosto pertencia,
Mas não havia face, expressão ou normalidade,
Apenas mexas de cabelos flutuantes,
Bom isso era o que eu queria que fosse, mas na verdade havia sim um rosto,
Não tão convidativo, nem tão almejado,
era pálido, benigno, normalizado, frágil e misericordioso,
Eu poderia a qualquer momento toca-lo, fazer dele o que bem entendesse, eu o chamava de o rosto tedioso, o rosto amargo, sem vida, fala ou vontade.
Mas aqueles cabelos, eu os queria em minha posse,
Então resolvi corta-los, já que o rosto tedioso não iria se opor,
Comecei decepando apenas um fio, logo parti para uma mexa,
De repente um olhar, um afago, uma picada de agulha em minha alma
O rosto se manifesta,
Clarins e liras ressoam na inquietude,
Sou surpreendido por uma imposição daquele que considerará invalido, desprovido de reação,
Faço um acordo com este, dar-te-ei minha expressão,
Em troca dos seus lindos fios caramelizados,
A oferta é aceita, serei coroado, adornado e enaltecido,
Minha expressão é tirada de mim, mas quando a olho de volta,
não vejo beleza, glamour, fantasia ou elegância,
enxergo o mesmo rosto apático de antes,
terei sido eu igual ao rosto que desprezava e nem percebi?
Ludibriou-me a vaidade.
De outro aflito agora participo,
Os majestosos cabelos cor de mel, exaltados por minha luxuria,
Descubro serem feitos de palha,
Era apenas palha, fiquei sem expressão,
Por fim me retiro,
Me encontro trafegando rumo a um admirador de meus lindos cabelos caramelizados de palha.