Rasgue-se a filosofia...*

Rasgue-se a filosofia

Para não ouvir o silêncio dos pensamentos

Volte-se ao desejo

Para liberar tudo o que sente

Não, não fique olhando,

Atrás daquela porta tem um não

Para parar, parando, parado,

Como se não houvesse mais espaço

De quanto vale o tratamento

Nesse doce que é a mistura

Corre a escrever aquele tipo

Se faz, régua ou pequeno grito

Num sussurro que o silêncio espanta

Volte para o olhar, são quatro paredes,

& como assustam...

Quem tem medo do que vai sentir

Viver é melhor do que sonhar

Você até sabe que o amor é uma coisa boa

Mas a porta continua ali

& a curiosidade explode imediatamente

Se a luz se esconde por medo de brilhar

Com o desfecho da angústia & solidão

Mesmo que se tenha em volta, uma multidão...

Ah! Se essa filosofia que insiste,

Insistente como uma praga social

Que embota, feito chiclete no sapato,

O olhar lança um desejo, sem bloqueios,

Se lança num tempo perdido

Nessa estrada que leva a Shandizar,

Rápido, tão veloz como o átomo,

No brilho de um Sol maior

& como pulsa o horizonte sobre a relva

Dessa fita em cinemascope,

Vai se desmanchando com um rio

& olha para trás

Lá vem um caçador

Se cala, espera, para depois rir da partida,

Adiante emerge o fascínio

Da fumaça exposta no ar

Um risco cortante é exigido

Expondo o gosto sem falar!

Peixão89

*(faz parte do Tombo XXI – “Para Sentir” – 1993)

Peixão
Enviado por Peixão em 26/08/2007
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