eu-anônimo
sua dor é um casaco espesso
que te cai dos ombros
e se arrasta por ruas
pavimentadas sem verão,
sua dor é uma capa
que te embrulha os ossos
em dia de temporal
é quando a chuva encharca
os olhos
e seu corpo traça uma rota
cega pelas esquinas
vertendo minúsculas gotas
brancas
nos jardins públicos
sua dor é aquele bicho acuado
que não larga o osso,
não sai pra brincar,
nem se arrisca
sua dor sou eu, baby
e cada memória viva
que te habita.