Doce ilusão
Arranca de mim toda a certeza
quero duvidar de tudo que vivi
descola meus pés do chão
leve-me ao infinito, longe daqui
quero flutuar, ter a ilusão
da dimensão exata destes versos
Costura essas estrelas no meu olhar noturno
varre os meus passos desse solo imundo
exige apenas que eu flutue pelo espaço
conduz-me, calando meu não
desposa-me em um poema
faz-me rima, estrofe, terceto
em uníssono e belo soneto
Cega-me, tira-me a luz do olhos
deixa-me enxergar apenas por tuas mãos
um mundo de entregas e retribuições
e que os nossos medos e frustrações
não frutifiquem em distâncias vãs
que nossas vidas se unam em uma só
e nos levem a planejar um amanhã
E, ao acordar, sacudo o sono dos cabelos
esfrego esse sonho entre meus dedos
vejo que abusei de tanto idealizar
um amor irreal e repleto de absurdos
porém, valeu a pena voltar a sonhar
então vou para a rua espalhar minha saudade
e volto simplesmente a beber a realidade...