Doce ilusão

Arranca de mim toda a certeza

quero duvidar de tudo que vivi

descola meus pés do chão

leve-me ao infinito, longe daqui

quero flutuar, ter a ilusão

da dimensão exata destes versos

Costura essas estrelas no meu olhar noturno

varre os meus passos desse solo imundo

exige apenas que eu flutue pelo espaço

conduz-me, calando meu não

desposa-me em um poema

faz-me rima, estrofe, terceto

em uníssono e belo soneto

Cega-me, tira-me a luz do olhos

deixa-me enxergar apenas por tuas mãos

um mundo de entregas e retribuições

e que os nossos medos e frustrações

não frutifiquem em distâncias vãs

que nossas vidas se unam em uma só

e nos levem a planejar um amanhã

E, ao acordar, sacudo o sono dos cabelos

esfrego esse sonho entre meus dedos

vejo que abusei de tanto idealizar

um amor irreal e repleto de absurdos

porém, valeu a pena voltar a sonhar

então vou para a rua espalhar minha saudade

e volto simplesmente a beber a realidade...

Francis Faria
Enviado por Francis Faria em 26/08/2007
Código do texto: T624763