Tomografia

Já que nunca consegui pão com poemas,

Me canibalizo em plena... Sexta-feira santa.

Comei todos! Essa tomografia,

Desfia, desfia essa fria... Manta.

Vai! Dê-me lousa e giz,

Farei um raio X... Por sílabas viscerais.

Mesmo não tendo pingo para todos os “Is”,

Nem tis... Para todos os “as”.

Também divago em meio a muvuca,

Em torno da cuca... Uma densa nuvem de grilos.

Mas dê-me outra dose tripla, que faço das tripas oração,

Ou ração... Para nutri-los.

Sou Maria e João,

Pássaros comeram meu chão... Meu eu não é meu inquilino.

Nas linhas da minha própria mão,

Meus pés vão... Sem destino.

Enfim!

Não sei de onde vou pra onde eu vim... Essa pequinesa não me cabe.

Tanto perguntei de mim,

Mas do meu fim... Ninguém sabe.

Nesse desconhecido aterrisso,

Pasmem! Há até riso... Atrás dessa cara brava.

Minha vida é um livro aberto,

Mas criei um próprio alfabeto... Quem há de entender essas palavras?