Autodefesa

Guarda a claridade das palavras

que a poesia é testemunha incerta

e o pensamento é corpo estendido

no vazio de um olhar qualquer.

Percorra o rio ou as lágrimas

quando suas margens são verbos

que transbordam a gênese líquida

das dores do mundo.

Desabita a página

que o princípio do baldio

é acumular impurezas e sufocar enganos,

há muita ternura nas desimportâncias.

Traduz o gesto que inflama a flor

a identidade do perfume

tem ébrio e fugaz encanto

e a alcoólica exaustão da cor

Liberta o sangue das veias

que escorre às entranhas,

dá voz ao silêncio, reconheça

que a autodefesa do poeta

é desinventar saberes.

Denise Reis
Enviado por Denise Reis em 06/02/2018
Código do texto: T6246265
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