O JOGADOR

De volta ao jogo, eu me sinto criança,

Ansiosa pelo início da partida

De uma inquietação gástrica nutrida

Uma eletricidade nos pés que cansa

Os adultos - sempre pacientes -

Chatos, cheios de si e de várias razões

A minha alegria não é dependente

De modos, conchavos, convenções

Eu quero logo o brinquedo,

Rolar os dados desde cedo,

Colar figurinhas no álbum da vida,

E escorregar num tobogã de horas sortidas

De momentos em momentos

Içar-me como pássaro anelante

Perpassar lúdico pelo tempo

Passageiro de roda-gigante

Lá de cima vejo o espectro

De realidades simultâneas:

Personagem pouco épico

Dentre tantas miscelâneas

Menino, homem, infante...

Frequentemente, ele está confuso

Mas segue, errando, adiante

Pelos ventres da existência – difuso.

Mesmo sujeito de muitas facetas

Que nesse jogo mergulha

Travesso, dispara a fagulha

Escolhe um número da roleta

Antes boquiaberto do que nauseado

Antes apostador a dealer mecanizado

Eu ainda tenho um lance, talvez outras cartas.

Eu ainda tenho fogo, quiçá uma brasa!

Elmer Giuliano
Enviado por Elmer Giuliano em 05/02/2018
Reeditado em 06/10/2022
Código do texto: T6245910
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