CHUVA CRIADEIRA
O pátio reflete estrelas de água beliscada,
Todo ele é um espelho de pequenos e grandes círculos espalhados.
Entre as alfinetadas no espelho d'água,
há os últimos presentes ofertados pelo ipê amarelo.
Caíram e, tristemente, brilham seu ouro em derradeiro suspiro
e a árvore, desnuda de flores, resiste à viuvez solitária
sob meneios de um tímido e desajeitado vento.
É mansa a chuva, criadeira,
quatro estrelas sangram
o monumento totêmico avermelhado:
Coração ardendo pitanga madura
sob a verdade das estrelas
e flutuante nas poças
de tanta água beliscada.
Aos poucos, vão cessando os pingos,
tudo é molhado lá fora
enquanto o coração purificado de uma mulher,
com jeito de santa, atravessa o pátio, molhando os pés.
Dalva Molina Mansano