Pipa
Lá vão os meninos
Soltando a sua pipa
E o brinquedo subindo
Para cima, para cima.
Meninos e moleques
De pele cor de ébano
Singrando pelos céus
Sua singela diversão
No meio da tarde paulistana
Debaixo de um sol inclemente
A garotada é feliz
Com a pipa a subir
Cortando a pipa do outro
Para só no céu reinar
A garotada se impõe
Onde podem governar
O vento e o céu
Alçam o voo perfeito
Liberdade mais alta
Que podem almejar
Até quando poderão brincar
Despreocupadas da vida
E da dura realidade
Que as espera
Hoje a brincadeira
Não terminou em violência
Os homens maus
Não puderam as calar
Até quando tais crianças
Em tão bela demonstração
De alegria poderão
Ferir o céu com suas naves?
Invejo-as!
Que com tão pouco
São felizes e contentes
E tanta alegria dão
Que elas possam
Roubar os céus
Por muitos anos
Que ainda virão
Torço para que as pipas
Seja uma metáfora para
Suas vidas. E que possam
Ascender aonde quiserem
E assim decorrem míseros
Instantes de uma tarde de
Verão na periferia paulistana
Final de férias. Passo por elas
E nelas deixo meu pensamento
A alegria de mundo de uma criança
Enche-me de alegria e esperança