Épos de Adriano - I
Um novo canto agora já escuto
Mais belo e mais formoso que os passados.
Valores novos traz e traz mudanças
As gentes deste tempo. Ajude muito
Ó Fama, ajude-me em Verdade e Arte!
Naquele tempo Augusto era Adriano
No Lácio, em todo mundo dos romanos.
Por ordem dos divinos, dos eternos
Augusto Adriano foi por toda a terra;
A terra sua, andou por ela toda.
E desde as ilhas cinzas da Britânia
Aos montes brancos de Israel de mel
As águas' azul do rio Danúbio, ao norte
Da terra negra onde tudo nasce.
Esteve aí o pastor das gente humanas,
E viu e fez a tudo que é possível
Ao homem. Fez nascer cidades, leis
Aos brutos deu, e a terra pôs limite.
Ao muro seu erguer, que ainda hoje
De César lega o nome tão grandioso.
E toda arte do saber humano
E todo engenho do labor dos homens
Augusto o bom sabia. E mais aos deuses
O culto dava com amor coreto
Pois sempre em sua memória os tinha eternos.
Assim e sempre estavam com Adriano
Que na marmórea pedra da História
O nome seu cravou. Bem junto aos grandes
Adriano junto está a estirpe humana.
Embora tudo fez e viu a tudo
Segredos todos ele bem sabia,
Sentia lá no fundo um mar vazio
E fome e sede tinha sem um fim
Dum pão e vinho ainda não sabidos.
Saudade dum o que que não se sabe.
O bom Augusto triste então vivia
E aos céus questiona assim o seu estado:
Que causa prima é do seu vazio?
Que é que tudo tendo ainda falta?
E nisto triste parte para a Grécia,
A Delfos ver pois quis saber se seu
Destino triste é ser e não feliz.
E faz a Virgem pura sua pergunta,
A moça santa logo em delírio
Falou em termos nestes bem assim:
-Quem foi que a ti mostrou o que é ser triste?
-Quem foi que o riso, o pranto fez metades?
-E quem a ti a vida lhe ensinou
E disse que é o bom e que é o mal?