Poema Noturno
A tímida luz da lua
Atravessa a vidraça da janela
Acomoda-se em uma poesia sua
Alegra-se em uma caligrafia singela
Deixo a caneta correr
Deixo a tinta registrar
Deixarei alguém ler
Depois que eu conseguir respirar
Na velha escrivaninha
Na metade de um verso incompleto
Na imaginação de instantes sozinha
Na recordação de um sorriso discreto
Inspirações nunca estão à deriva
Inusitadas, nas correntezas do acaso
Imprevisíveis no decorrer da vida
Importantes a todo e qualquer prazo
Encontrar em si todas as virtudes
Estar em sintonia com um bem social
Escutar uma certa raposa
Enxergar tudo aquilo que é verdadeiramente essencial
Raramente milagres acontecem
Reconhecer não é difícil
Resumir isso aos que aparecem
Reparar em tudo o que é relativo
Algumas noites atrás, minha poesia
Assumia a lua como a mais encantadora criatura
Alegar isso parece demasia, mas
Agora meu riso tem uma outra escritura...