O HORROR DA FOME QUE PRODUZ O GRITO CALADO

Para onde eles estão indo?

Porque não os vemos?

Porque não os escutamos?

Ou fazemos questão de não ouvi-los?

Fechamos olhos e ouvidos para este horror,

Eles são ondas de seres esqueléticos,

De olhares tristes e esbugalhados,

Eles estão só, só com sua dor, a dor da fome,

Será que são humanos?

Será que fingem serem invisíveis?

A hipocrisia é a cortina negra que separa,

E ampara esta falta de boa vontade humanitária,

Este pecado que consome o mundo,

Onde o mundo prefere matar a fome das guerras,

Que consomem enormes fortunas,

Depois os arrotos que atingem a moralidade,

E a dignidade de uma sociedade indecente e amoral,

Consumindo vidas por falta de meras ações,

Que alivie os gritos calados dos que não tem opções,

As vezes enterrada em cova rasa e sem identificação,

Mais um a ser esquecido por não ser ninguém,

Mais existe uma fartura de idolatria ao poder e a ganância,

Que os separa num imenso fosso,

O fosso da vergonha e da insânia,

Tornando vítimas os que sofrem a fome,

Até onde pretendemos ir?

Com essa ira de intolerável negação,

Aos rebanhos mais necessitados,

Da mesma terra, filhos que são,

Respiram do mesmo ar,

Caminham também sobre ela, descalços,

Maltrapilhos e a imputarem o cruel abandono,

Deixando-os a mercê do tempo, sem tempo nenhum,

Será que para eles a fome é inexistente?

Ou apenas sinônimos de simples exclusão,

Se assim for,

Só restam nossas confissões nas comunhões,

Depois nossos arrependimentos nas orações.

Ricardo Nunes de Sales
Enviado por Ricardo Nunes de Sales em 01/02/2018
Código do texto: T6242365
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