O HORROR DA FOME QUE PRODUZ O GRITO CALADO
Para onde eles estão indo?
Porque não os vemos?
Porque não os escutamos?
Ou fazemos questão de não ouvi-los?
Fechamos olhos e ouvidos para este horror,
Eles são ondas de seres esqueléticos,
De olhares tristes e esbugalhados,
Eles estão só, só com sua dor, a dor da fome,
Será que são humanos?
Será que fingem serem invisíveis?
A hipocrisia é a cortina negra que separa,
E ampara esta falta de boa vontade humanitária,
Este pecado que consome o mundo,
Onde o mundo prefere matar a fome das guerras,
Que consomem enormes fortunas,
Depois os arrotos que atingem a moralidade,
E a dignidade de uma sociedade indecente e amoral,
Consumindo vidas por falta de meras ações,
Que alivie os gritos calados dos que não tem opções,
As vezes enterrada em cova rasa e sem identificação,
Mais um a ser esquecido por não ser ninguém,
Mais existe uma fartura de idolatria ao poder e a ganância,
Que os separa num imenso fosso,
O fosso da vergonha e da insânia,
Tornando vítimas os que sofrem a fome,
Até onde pretendemos ir?
Com essa ira de intolerável negação,
Aos rebanhos mais necessitados,
Da mesma terra, filhos que são,
Respiram do mesmo ar,
Caminham também sobre ela, descalços,
Maltrapilhos e a imputarem o cruel abandono,
Deixando-os a mercê do tempo, sem tempo nenhum,
Será que para eles a fome é inexistente?
Ou apenas sinônimos de simples exclusão,
Se assim for,
Só restam nossas confissões nas comunhões,
Depois nossos arrependimentos nas orações.