Jogam, jogam
jogam as crianças
dos barrancos,
 
ainda.
 
Gordas, pretas, magras
loiras, morenas, secas
caladas, choronas, raivosas
falantes, educadas, mal-educadas...
 
Todas caem dos barrancos,
 
ainda.
 
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Jogam as crianças
de prédios, penhascos...
 
E fecham os olhos
não prestam atenção
às suas vidas.
 
Crianças, nuas, sujas
limpas, ricas, abandonadas
cheirosas, fedorentas, mimadas
vestidas, desamparadas...
 
Crianças, sendo jogadas
dos barrancos,
 
ainda.
 
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Crianças.
 
Jogadas no descaso...
descasadas, com tudo.
Crianças. Esquecidas,
 
No escuro.