ESCREVIVÊNCIA

ESCREVIVÊNCIA

Um verso resposta a quem sou eu?

Uma (des)almada que não quer morrer?

Morrer sem tirar a calcinha do poema?

Não se pode morrer antes do gozo do verso.

E se acaso a morte no bar me assaltar

Não me venhas com prosa de nostalgia

Pois toda a vida quis eu somente amar

E o que me destes de palavras, afinal?

Sua língua inculta com rima de maldizer?

Seu sangue de poeta coberto de ódio e sal?

Seu poema rebuscado sem nada dizer?

Não me venhas com algemas de remorso!

Eu sairei a zombar de teu desejo de ócio

Saltarei de meu quarto de libertina algoz.

Às duas da manhã verei o mundo quadrado

Do monte sem religião tocarei Coríntios Treze

Não terei mais medo da poesia dentro da asa.

(ROSIDELMA FRAGA).