Saneamento básico
Que ironia atroz
Nenhuma cabeça no cadafalso
Deixaram inativo um algoz
Nada parece tão falso
Bastou uma execução
E o mundo ficou sem pecado
Um féretro sem oração
Caiu no cesto um vício, um fado
A terra viu-se de alma limpa
Lavaram os pecados do mundo
Entre os juízes ninguém garimpa
As nódoas do submundo
Bastou que rolasse uma cabeça
Cumpriu-se apenas uma sentença
A sorte que andava às avessas
Desfez-se assim a diferença
Sobrou na tribuna o magistrado
Que definiu o bode expiatório
Ficou um verdugo desempregado
Registrou-se a injustiça em cartório