Um Navegar (des)Protegido

Destruo a única possibilidade intacta de tornar-me leve

divido cores e ilusões

enquanto me vejo entregue a um fato inédito

de todas as minhas angústias a que mais me atormenta

é me ver isolado

Ainda ontem possuía um sonho célebre

mas não me vejo mais em qualquer acorde dissonante

Dissolvo as atitudes inertes

e habilito um templo antigo banhado de sol

Seus gestos intempestuosos já não ferem as tristezas escondidas em um cofre aberto

pois sempre uma semi-deusa me protege

e me decapta.

Em tudo o que digo há palavras perdidas

desconexas e, às vezes, extintas

Distingo, entre vários atos, um fato expressivo

Ah! Navego em olhos azuis o brilho de um

mar que nunca amei

desejei ver estrelas transparentes mas uma ausência importante

despertou um temporal incessante

despejado em um dia impróprio, porém célebre.

Fui julgado antes do crime, que mostrou-se frágil

enganei sentidos e argumentos

isento de fugas e desesperos me encontrava

mas uma ave voou alto e imponente

causando um tremor indescritível

Desafiei relógios cingidos de vermelho

e toda a dor foi-se embora

Talvez a caminhada de nada valeu

mas seu semblante iluminou-se com o vento

soprado; atmosfera

Imagens recortadas aglutinam-se em forma

de palavras

e todas as memórias

um dia

serão jogadas fora

03/02/2004