Pua
Poema de:
Flávio Cavalcante
I
Aquele que pisa e fura dolorosamente
Àquele que vibra incessantemente
Aquele que rejeita constantemente
Àquele que ama ardentemente
II
A furada do amor é prazerosa,
Quando pontiaguda é dolorosa
Às vezes é uma agulha ramosa
Às vezes é uma ferida recosa
III
Não há jardim sem espinho numa rosa
Não há estrada sem mato e pedregulho
Não há borboletas sem ter larva liposa
Só há ascensão se cultivar amor com orgulho
IV
A furada sem dor é uma demência
A pua, acúleo, e o mesmo que espinho
A dor com furada produz clemência
Com furo e dor se abre o caminho