Plenitude

já desde muito

me educo, escuto

busco entender.

abrando meus tufões

contenho minhas águas

tempero minhas chamas;

não me é, de todo, sacrifício.

avalio e medito

escrevo e apago;

é parte do processo.

com leveza me levo, respeito

absorvo, me dou tempo.

contextualizo, respiro

aguardo e agradeço.

ora converso, troco

ora me poupo, falo pouco.

observo a paisagem

e penso no todo,

no pó das estrelas

de que somos apenas o rastro.

bem sei: faço parte de um conjunto!

em resumo, aspiro o caminho

dos que se elevaram.

monges e magos

anônimos, distantes

sem glórias e grandezas

seres de luz, onde habita

a serenidade da foz de um rio.

mas, daqui do breu da terra

onde só sei ser humano e falho

costurando vaidades amargas

como a uma colcha de retalhos

me pergunto:

depois da plenitude,

o quê?

pedro toscan
Enviado por pedro toscan em 24/01/2018
Reeditado em 13/07/2018
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