Plenitude
já desde muito
me educo, escuto
busco entender.
abrando meus tufões
contenho minhas águas
tempero minhas chamas;
não me é, de todo, sacrifício.
avalio e medito
escrevo e apago;
é parte do processo.
com leveza me levo, respeito
absorvo, me dou tempo.
contextualizo, respiro
aguardo e agradeço.
ora converso, troco
ora me poupo, falo pouco.
observo a paisagem
e penso no todo,
no pó das estrelas
de que somos apenas o rastro.
bem sei: faço parte de um conjunto!
em resumo, aspiro o caminho
dos que se elevaram.
monges e magos
anônimos, distantes
sem glórias e grandezas
seres de luz, onde habita
a serenidade da foz de um rio.
mas, daqui do breu da terra
onde só sei ser humano e falho
costurando vaidades amargas
como a uma colcha de retalhos
me pergunto:
depois da plenitude,
o quê?